O Coronavírus e o Medo

A pandemia do coronavírus desencadeou, numa grande maioria de pessoas, o sentimento de medo.

Por Padre Ezequiel Dal Pozzo. 16/04/2020 - 22:59 hs

O medo é como areia movediça que se retroalimenta.  Quando você caminha no medo, você se sentirá sempre afundando. No medo é difícil encontrar o chão firme. Diante dele a mente paralisa. 

A pandemia do coronavírus desencadeou, numa grande maioria de pessoas, o sentimento de medo. Com medo, a capacidade de refletir mais calmamente não funciona. Estimulado por uma infinidade de informações, de pensamento único, sem contraponto, sem comparações de proporcionalidade, sem diferenciações de contextos, a notícia do medo, atinge o mundo. O medo nem possibilita as pessoas de reagirem. Simplesmente, ficam paradas, embebidas pelo estímulo da informação, que as impossibilita de pensar.  

Em cada ser humano existe a força da vida, do amor e da morte. Na mitologia grega isso foi tratado como Eros (amor) e Thanatos (morte). Se a vida vai bem, se tudo está tranquilo, nós temos a tendência a favorecer a Eros. Quando as coisas não vão bem, quando temos estímulos negativos, tendemos a favorecer Thanatos. 

A pandemia, abordada por um excesso de informação, desencadeou no ser humano o medo incontrolado da morte, ou seja, de Thanatos. Esse medo revela nossos registros inconscientes e traumáticos, que estão guardados na nossa mente e não controlamos. Eles podem se manifestar em qualquer momento, quando a vida passa por dificuldades. Ocorre, que agora, todos desencadeiam esses medos de uma vez só. E como a mente determina o nosso destino, então ficamos todos paralisados e certos que isso é a única alternativa. Isso ocorre quando não há mais parâmetro entre o que é e o que não é, ou entre o ideal e o real. 

A atitude geral de grande parte da população, atingida pelo medo, num efeito manada, de um ponto de vista psicológico, revela os conflitos que as pessoas já traziam em seu subconsciente e estavam, de alguma forma, acalmados. A força da morte, sobre a força da vida, deixou muitas pessoas aterrorizadas. Assim, cada pessoa que sofreu esse pânico desproporcional, pode numa atitude de autoconhecimento, perceber-se e buscar evoluir, para uma atitude de mais confiança e coragem. Trocar o medo pela fé e a coragem. O coronavírus, além dessa onda de sofrimento com consequências incalculáveis para a sociedade e para o ser humano, também nos obrigará, daqui em diante, a descobrirmos os aspectos positivos, frutos de uma necessária evolução da sociedade e das consciências.

Padre Ezequiel Dal Pozzo