Prefeitura de Arapiraca faz experimento pioneiro de manta geossintética no cultivo de hortaliças.

Projeto no Cinturão Verde conta com a parceria da empresa Agreste Saneamento e Instituto Federal de Educação de Alagoas (Ifal).

Por Ranjelio 10/08/2021 - 14:39 hs
Foto: Assessoria

Pequenas propriedades rurais de Arapiraca estão recebendo assistência técnica especializada da prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural, com a  utilização de mantas geossintéticas com resíduo sólido gerado após o processo de tratamento de água potável no município.

O material da manta é à base de polietileno de alta densidade e cedido pela empresa Agreste Saneamento. A parceria, denominada Projeto Agreste Rural, já atende 14 famílias em comunidades rurais do Cinturão Verde de Arapiraca.

A manta é um resíduo sólido, proveniente de um matural (PEAD) do tratamento de água.

O projeto também conta com o apoio do Instituto Federal de Educação de Alagoas (Ifal), que por meio do programa de pós-graduação em tecnologias ambientais (PPGTEC), realiza experimentos em parceria com a Prefeitura de Arapiraca, Agreste Saneamento e agricultores familiares locais, assistidos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural.

Segundo o engenheiro-agrônomo José Anderson Soares Barros, a manta geossintética utilizada na estação de tratamento de água tem vida útil de três meses, apresentando-se como resíduo sólido, cujas características físico-químicas constituem-se em produto alternativo para utilização como cobertura do solo na agricultura familiar.

“Quando o bag enche de lodo e os técnicos da empresa necessitam fazer a troca, o material fica disponível para nosso projeto”, revela.

Ainda de acordo com o engenheiro, experimentos foram realizados com o objetivo de validarem cientificamente o uso da manta como mulching alternativo, primeiramente, no plantio e na produção de pimentão híbrido Kolima, por ser o tipo de pimentão mais produzido e com maior aceitação em Arapiraca.

Resultados positivos

“Inicialmente, realizamos testes em plantações de alface e, posteriormente, em pepino japonês, brócolis, couve-folha, repolho e tomate-cereja, com resultados semelhantes ao cultivo sem cobertura de solo, o que demonstra um potencial para utilização na produção rural familiar”, salienta Anderson Soares.

Ele conta que ainda não havia trabalhos científicos que comprovassem a eficiência do uso da manta e das coberturas de solo.

“Nós validamos os primeiros resultados do uso da manta, com cultivo de pimentão híbrido, no início dos estudos”, lembra o engenheiro agrônomo, reforçando que o experimento foi realizado em parceira com o Ifal, campus de Marechal Deodoro, empresa Agreste Saneamento e o produtor rural Edmilson no projeto com a manta em gotejamento para o cultivo de alface, em comparação com o mulching preto e branco.

Além disso, também foi realizado quatro experimentos em uma mesma área em quatro épocas diferentes, do produtor familiar orgânico Edvan Barbosa, para avaliação da manta geossintética como mulching alternativo para o cultivo de alface crespa em cultivo orgânico, com resultados promissores também para alface.

“Os resultados são promissores, principalmente no que se refere à diminuição dos custos de produção e possibilidades de reutilização das mantas em cultivos sucessivos, sem degradação das características físicas do material, diferente do mulching agrícola, que tem uma durabilidade limitada no campo”, acrescenta.

Barros revela, ainda, que foram feitos experimentos com alface e pimentão, com o uso da manta, e alguns agricultores utilizaram para outros cultivos, em área comercial, com as culturas da alface, pepino japonês, pepino, pimentão, couve-folha e repolho.

O engenheiro-agrônomo explica que o projeto tem total apoio da gestão do Prefeito Luciano Barbosa e do secretário de Desenvolvimento Rural, Hibernon Cavalcante. A iniciativa foi levada para uma propriedade rural no Sítio Batingas, região do Cinturão Verde de Arapiraca, e os resultados do estudo culminaram com uma dissertação de Mestrado, defendida por um aluno do Ifal, além da publicação de um artigo científico na Revista Gaia, neste ano de 2021.

Em nova etapa do projeto, a secretaria fará novas doações de mantas junto com a empresa Agreste Saneamento para mais sete famílias nas localidades de Batingas, Bom Jardim, Cangandu e Gruta d’Água.

Os produtores familiares Renata Farias e Amilcar, no Sítio  Bom jardim, serão contemplados com a recepção da manta e, atualmente, estão  investindo em cobertura de solo mulching em mais de uma tarefa de terra para cultivo de pimentão híbrido raquel, em fileira dupla, com o propósito de gerar mais produtividade e melhorar o aproveitamento da área implantada.

A prefeitura fornece a  assistência técnica aos produtores. O engenheiro-agrônomo Anderson Soares informa que os agricultores interessados em receber a manta geossintética, podem procurar a Secretaria de Desenvolvimento Rural e receber o material e a orientação de uso gratuitamente.